sábado, 16 de maio de 2009

A fé sem obras é morta!

Aos amados que lerem esse texto, Paz e Graça da parte de nosso Senhor Jesus Cristo! Há muito tempo que a passagem de Tg 2:14-18 tem me chamado a atenção e feito com que o meu coraçao se debatesse impaciente em meu peito. Como tenho feito em outros textos que escrevi, quero novamente deixar claro que o que estou escrevendo aqui é o entendimento que eu tenho daquilo que tenho lido na Palavra de Deus, ou seja, não fui inluenciado por nada mais que a Bíblia, mas também não tenho a menor intenção de afirmar que todos devam crer dessa forma.
Pois bem, a passagem bíblica acima citada pode muitas vezes colocar a nossa fé em contradição. Para aqueles que afirmam que basta que confessemos a nossa fé no Senhor Jesus para que sejamos salvos, essa passagem pode vir a ser uma verdadeira "pedra no sapato", e assim muitas vezes é deixada de lado, bem quietinha, para não levantar questionamentos. Podemos até mesmo nos desculpar com Rm 10:9 ("Se com tua boca confessares Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressucitou dentre os mortos, serás salvo"). Mas como já dizia aquele velho ditado evangélico, "Texto fora do contexto é pretexto para heresia!". É muito fácil ser cristão (leia-se evangélico) e ficar escondido em nossa tóca entre uma reunião e outra. É muito fácil falar do amor de Deus às pessoas e não se envolver em seus problemas pessoais e familiares! Tiago chama a nossa atenção como cristãos, para que olhemos para a nossa vida e analisemos que obras que a nossa fé tem produzido! Nem de longe penso em afirmar que precisemos de obras para nossa salvação! Isso é afirmação da doutrina espírita. Nossa salvação, segundo a Palavra de Deus, foi conquistada pelo Senhor Jesus na cruz,  e basta realmente que creiamos nisso (Ef 2:9, Gl 2:16, 3:10)! O que quero afirmar, é que se a nossa fé em Cristo é verdadeira, ela precisa produzir em nós obras visíveis aos olhos humanos! Poderíamos até tentar justificar que Tiago estaria falando da grande obra que a fé produz em nós internamente, mas nem isso podemos, pois ele fala claramente de roupas, alimentos e abrigos! 
Volto a afirmar com convicção que a forma que hoje a maioria de nós estamos vivendo a Igreja de Cristo está muito distante do sonho de Deus. Basta que nos voltemos para a Palavra olhemos para a Igreja primitiva. Falamos muito em impactar a nossa cidade, e tenho certeza de que é o desejo sincero de muitos, mas não vejo como impactar uma cidade, um bairro, uma rua, ou uma casa, sem que algo concreto e palpável seja feito nesse meio! Gestos falam muito mais do que palavras! As obras mostram muito mais do que o falar! O Senhor Jesus já afirmava que pelos frutos que os homens seriam conhecidos! Queremos que o amor de Cristo seja reconhecido em nossa cidade e transforme vidas? Mostremos o que Ele fez em nós, oras! Como? Através do amor! Mas como??? Não existem necessitados em nossa cidade? Pobres, órfãos, viúvas, doentes, desempregados, viciados, e tantos outros? Tanta gente tão ocupada em provar que está na religião verdadeira, defendendo suas doutrinas, dogmas e preceitos, que esquecem de olhar na Palavra de Deus o que identifica a verdadeira religião: Tg 1:27 ("A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo."
Como podemos fazer com que e Igreja seja imprescindível em nossa cidade? Como que as pessoas sentiriam falta se ela deixasse de existir? Seria através de um templo imponente e lindo, contruído bem no centro para que todos vejam? Ou será que seria trazendo melhorias para a vida das pessoas? Essa conversa pode soar um pouco idealista ou política, mas podem ter certeza que o meu único ideal é o Evangelho de Cristo, porque sei que é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê! Como posso insistir em pregar para uma pessoa todas as semanas e ficar em paz, sabendo que quando ela sair da reunião voltará novamente para os mesmos problemas de antes e nada muda? Sei muito bem que aquilo que realmente importa é que essas pessoas cheguem a salvação, e que no mundo passaremos por aflições! A minha esperança em Cristo não está nas coisas deste mundo, mas creio que o Reino de Deus começa aqui, no exato momento em que Jesus passa a habitar em nossos corações! Mas isso não pode ser pra mim motivo de conformismo para aceitar a desgraça nas vidas das pessoas e ficar de braços cruzados esperando que o tempo resolva! Também não creio na teologia da prosperidade, mas creio a nossa fé pode nos impulsionar a fazer muito mais pela nosso próximo! 
Creio que esteja mais do que na hora de pensarmos em alguma estratégia para colocar nossa fé em prática! Para onde estão sendo enviadas nossas ofertas? Será que vão para os cofres de alguma instituição? Para os bolsos de algum dirigente? Será que esse dinheiro não poderia ser usado para ajudar os necessitados? Será que não existem coisas que podemos abrir mão em função de alguma necessidade básica de um irmão? Seria muito complicado reunirmos esforços para ajudar um irmão sair das dívidas? Ah, graças a Deus eu já passei por isso! Há uns anos atrás eu estava endividado, e alguns irmãos preciosos dos quais não esquecerei tão cedo, me ajudaram dando-me dinheiro! Muitas pessoas se encandalizam só de pensar em dar dinheiro para alguém, mas abrem suas carteiras e dão ofertas gordas para sua igreja quando o pastor levanta uma oferta num culto para melhorar alguma coisa na estrutura da igreja. É muito mais fácil jogar o dinheiro na caixinha da oferta do que precisar olhar nos olhos daqueles que precisam dele, pois assim não gera nenhum comprimisso maior. Chegamos a afirmar que "fizemos a nossa parte", e que não é culpa nossa se o dinheiro é usado de forma errada! Quando olhamos nos olhos do necessitado o nosso coração é quebrantado, e quando voltamos pra nossa casa ficamos pensando se aquela pessoa não precisa de mais alguma coisa! Uma outra coisa muito triste é quando aparece um irmão necessitado na igreja e o pastor o chama para orar com ele. Naquele momento a igreja pode fazer mais do que orar!  A oração é nossa principal arma, mas quando nós podemos fazer alguma coisa, porque devemos jogar a responsabilidade para Deus?
Quero encerrar citando a passagem de Gl 6:10 que diz "Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé". Paulo fala ainda em Ef 2:10 que nós fomos criados para toda boa obra e que devemos andar nelas. Nós, como verdadeiros filhos de Deus, devemos apresentar ao mundo obras dignas da nossa fé, caso contrário tudo que dizemos ser não passa de conversa fiada! 

Que o Senhor produza em nós obras dignas de verdadeiro homens de Deus, em nome de Jesus!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Dízimo

Depois de muito relutar, quero me posicionar sobre esse assunto, que por sinal, é muito controverso. Quero deixar claro que não escrevo para contrariar ou favorecer a prática do dízimo nas igrejas, mas sim para registrar o meu entendimento desse assunto a partir daquilo que tenho lido na Palavra de Deus. Para início de conversa, o dízimo é algo instituído por Deus para o Seu povo, isso não pode ser contestado, apesar de Abraão ter dado o dízimo a Melquisedeque por livre e espontânea vontade (Gn 14:20), e apenas alguns séculos depois que vemos Deus instituindo o dízimo como uma lei para o povo de Israel. O objetivo inicial do dízimo (a idéia vinda de Deus), foi de dar sustento aos levitas, que não tinham nenhum ofício senão de manter o serviço do templo, e portanto não tinham salário.
Também foi ainda com Abraão, que Deus instituiu a circuncisão como um ritual que deveria ser cumprido por cada um daqueles homens que faziam parte do Seu povo (Gn 17:10), e novamente, apenas alguns séculos depois que a ela passou a ser uma lei para o povo de Israel, lá no meio do deserto, quando Deus ditou as leis para Moisés. A mesma coisa ocorreu com o sábado ou sétimo dia, que ficou estabelecido por Deus como o dia de descanso desde a criação (Gn 2:2), mas foi estabelecido como lei apenas quando Moisés recebeu de Deus todo o conjunto de leis. Além dessas leis, várias outras foram estabelecidas por Deus para o Seu povo através de Moisés. Não convém citar todas, mas para dar o entendimento correto será necessário citar algumas delas, como a alimentação e a pena para o adultério, por exemplo.
Se perguntarmos para qualquer pessoa que defende a prática do dízimo, qual é o fundamento bíblico para isso, ela irá recorrer rapidamente para Ml 3:8-12, onde Deus cobra do povo de Israel o cumprimento desse mandamento, e promete abençoá-lo ricamente se o cumprirem. Estou eu negando essa passagem bíblica? De jeito nenhum! Não seria tolo de negar ou rejeitar a Palavra de Deus! Mas o que quero dizer então? Quero dizer que essa passagem trata de uma lei que se encontra no antigo testamento, e assim como todas as outras leis, se refere ao povo de Israel, que tinha como religião o judaísmo. Quero dizer que essa lei era absurda? De forma alguma! Tudo que é criado por Deus é perfeito e tem um fim proveitoso, como essa lei foi no seu devido tempo. Por que no seu devido tempo? Porque a era da lei terminou, e agora nos encontramos na era da graça, onde não pesa mais sobre nós o jugo da lei de Moisés! A nossa religião é o cristianismo e não o judaísmo, e todo esse conjunto de leis pertence ao judaísmo, leis essas que foram cumpridas definitivamente por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 10:4).
Pense comigo: por que dentre todas as leis do judaísmo, apenas o dízimo foi trazido para o cristianismo? Por que cristãos não praticam mais a circuncisão, se foi uma ordem de Deus para o seu povo (Gn 17:11)? Por que cristãos não guardam o sábado, se em todo o antigo testamento é condenada veementemente a violação do sábado (ver Deuteronômio, Isaías, Ezequiel)? Por que cristãos comem carne de porco, se Deus condena os que o fazem, e afirma que estes serão consumidos (Dt14:8, Is 65:4, Is 66:17)? Por que as mulheres apanhadas em adultério não são mais apedrejadas? Todos que lerem esse texto e não guardam essas leis irão afirmar que não o fazem porque elas não são mais para os nossos dias, porque Jesus cumpriu todas! Muito bem, então por que apenas uma delas continuaria vigente? Assim, deduzo que há certa incoerência no que diz respeito ao tratamento desse assunto. Ou então, o que é pior, o dízimo foi mantido no cristianismo por interesses financeiros! Posso estar enganado, e se for o caso, quem ler isso me perdoe, por favor!
Sei muito bem que para manter a estrutura de uma igreja de médio porte é necessário muito dinheiro. E não vejo erro nenhum na atitude de cristãos que desejam contribuir para o sustento de seus pastores, para a obra missionária, para alimentar os pobres ou para a manutenção de suas igrejas. Pelo contrário, acho isso uma atitude louvável! O pastor precisa comer, morar, vestir, se locomover, seus filhos precisam estudar, entre outras coisas. Se desejam contribuir religiosamente com os 10% correspondentes ao que seria o dízimo no antigo testamento, que seja, se puderem contribuir com mais que isso, melhor ainda! O que não consigo fundamentar na Bíblia, é que o dízimo seja instituído como lei dentro de uma igreja, à qual os membros sejam obrigados a se submeter, sendo considerados em pecado ou até mesmo discriminados aqueles que não se submetem. Em nenhuma passagem do novo testamento pode ser encontrada qualquer menção de que alguma das leis do antigo testamento deva ser cumprida por aqueles que professam a fé no Senhor Jesus. Inclusive esse assunto foi motivo de uma grande discussão entre Paulo e Pedro, quando Pedro e os outros apóstolos tentavam exigir que os gentios convertidos ao evangelho de Cristo cumprissem as leis do judaísmo.
Quem nunca ouviu de casos onde pastores (ou seja lá o título que quiseram dar a si mesmos) enriqueceram, ou vivem uma vida de luxo as custas dos dízimos e ofertas de membros de suas igrejas? Quem nunca ouviu falar de pessoas desse tipo que aumentaram seus patrimônios consideravelmente após anos de arrecadação de dízimos e ofertas? É claro que não podemos generalizar, pois existem muitos que são verdadeiros homens de Deus! Mas não se enganem aqueles que pensam irão conseguir o favor de Deus através do dízimo ou das ofertas. Quando pensamos em cumprir as leis para ganhar o favor de Deus, Ele nos diz “Misericórdia quero e não holocaustos” (Mt 12:7). Se a prática do dízimo fosse uma ordem de Deus para a Igreja, então por que os apóstolos não ensinaram isso à igreja primitiva? Na verdade os primeiros cristãos davam muito mais do que o dízimo, pois eles vendiam suas propriedades e depositavam todo o valor aos pés dos apóstolos, e então passavam a viver em comunidade com os outros cristãos. Quando Jesus se refere ao dízimo, o faz com a intenção de repreender os fariseus que o davam referente a tudo o que tinham, mas desprezavam o que era mais importante, como amar ao próximo (Mt 23:23).
Alguns poderão dizer: “Nós guardamos o sábado, não comemos carne de porco e somos dizimistas!”. Muito bem, quem quiser viver o seu cristianismo assim, que o viva e seja feliz. Mas não condene aqueles que não querem viver dessa forma, e preferem a liberdade de Cristo ao invés da escravidão da lei! Além do mais, aqueles que pensam em se justificar diante de Deus através do cumprimento de leis, estão afirmando explicitamente que o sacrifício de Jesus não é suficiente para os justificar. E todo o outro conjunto de leis que Moisés recebeu de Deus? Tiago nos ensina que se apenas uma delas não for cumprida, de nada adianta cumprir todas as outras (Tg 2:10). Outros poderão dizer que dão o dízimo porque este já existia muito antes da lei, e dessa forma não seria destinado apenas para o povo judeu. Porém, quem escolher assim proceder precisa estar ciente de que a circuncisão e o sábado também são anteriores à lei, e não há nenhuma indicação no novo testamento de que devam ser guardados pelos cristãos. Os testemunhas de Jeová afirmam que quando Malaquias fala dos dízimos, estaria se referindo à coisas espirituais, mas podemos facilmente compreender que isso é incoerente porque se damos a Deus apenas 10% das coisas espirituais, pra quem daremos os outros 90%?
Já li estudos sobre esse assunto onde o escritor fundamenta o dízimo no novo testamento baseado no texto de I Co 16:1-2, onde Paulo indica o procedimento correto para a coleta de dinheiro na igreja de Corinto. A primeira vista o estudo é muito coerente, sendo que Paulo orienta que a coleta deva ser feita do primeiro dia da semana, ou seja, no domingo (os cristãos primitivos não guardavam o sábado como muitos ainda insistem), e que deveria ser de acordo com a prosperidade de cada um, o que poderia indicar um determinado percentual. Porém, analisando os textos bíblicos podemos observar que essa coleta tinha um fim específico determinado por Paulo, ou seja, era destinada aos santos da Judéia que estavam necessitados devido à fome que havia se abatido sobre aquela região, fato esse que já havia sido profetizado por Ágabo em At 11:27-30. E é muito coerente que a oferta fosse de acordo com a prosperidade de cada um, pois não tem sentido um pobre dar mil e um rico dar dez. Ainda em Rm 15:26, Paulo fala sobre uma coleta que foi necessária em benefício dos pobres dentre os santos de Jerusalém. Mas em nenhum momento isso é colocado como uma lei a ser cumprida no mesmo rigor das leis do povo judeu!
Volto a afirmar que não estou condenando a prática das ofertas espontâneas na igreja, pois o Senhor Jesus as incentivou, como no caso da viúva pobre (Lc 21:1-4)! Como falei acima, sei muito bem que a igreja precisa de dinheiro para sua manutenção, como qualquer outra estrutura. Por isso estou bem convencido de que o modelo da Igreja de Cristo não é o mesmo que a grande maioria dos cristãos segue em nossos dias. Estão todos errados? Não, se é pregado e vivido o evangelho de Jesus Cristo. Existe apenas uma Igreja perfeita, aquela que é o sonho de Deus, a qual é formada por cristãos das mais variadas denominações e não tem placa e nem paredes, cujo Pastor é o próprio Senhor Jesus! Eu sonho ainda em viver essa igreja no meio de pessoas que tenham essa mesma sensibilidade de Paulo. Até hoje, uma única vez vi uma igreja levantar uma coleta para beneficiar uma família pobre. Se os cristãos tivessem essa sensibilidade, não haveria um único cristão verdadeiro que fosse pobre, a ponto de não ter onde morar ou o que comer e vestir. Vejo tantos cristãos entrando em discussões com descrentes e ateus, tentando provar através pelo seu conhecimento que o cristianismo é a religião verdadeira, mas quase nenhum deles é convencido de nada, porque tudo que se vê no meio evangélico são pessoas divididas defendendo suas doutrinas e dogmas, quando na verdade a manifestação do amor de Cristo é muito pouco vista! Do que os descrentes poderiam falar se vissem os evangélicos praticando as boas obras ensinadas por Jesus? Ficariam admirados, e se falassem seria calunioso, e quão honroso é ser caluniado por causa do nome de Jesus!
Portanto, quem quiser praticar o dízimo, é livre para fazê-lo, por amor aos irmãos necessitados que serão beneficiados com a sua boa vontade! Por amor das almas perdidas que serão alcançadas pelos missionários que são sustentados através desse dinheiro. Da mesma forma, quem quiser ofertar espontaneamente em favor dos que necessitam também é livre para fazê-lo, mas nunca como o cumprimento de uma lei, e sim como cumprimento do mandamento do Senhor Jesus, que nos ensina a amar o próximo como a nós mesmos!

Que o Deus da Paz nos livre de todo mal, em nome de Jesus Cristo!